Março: Mês da Mulher
Hoje em dia é muito comum as pessoas chegarem nos locais e buscarem logo a senha do Wi-fi. O acesso a internet tornou-se essencial a um ponto incrível, que um simples segundo sem já deixa as pessoas estressadas.
O Wi-fi é uma das maneiras mais utilizadas para o acesso a internet, pois pode ser compartilhado entre diversos dispositivos.
Mas quem será que trouxe essa invenção maravilhosa para nossas vidas?
Sim, existe um pai para esta criação. Ou melhor: uma mãe. Hedy Lamarr, uma atriz e inventora austríaca naturalizada americana inventou, como numa brincadeira, a base para a comunicação WiFi.
Tudo começou na década de 30, durante a Segunda Guerra, quando Hedy e um amigo também inventor, George Antheil, criaram um aparelho de interferência de rádio que serviria para despistar radares nazistas. Logo depois, o equipamento foi patenteado em 1940 e batizado de “Hedwig Eva Maria Kiesler”.
Da Guerra para o mundo
A ideia foi apresentada ao Departamento de Guerra dos Estados Unidos em 1942, mas ignorada por ser considerada, digamos, “complicada demais”. O projeto só voltou aos holofotes militares em 1962, quando foi utilizado nas incursões americanas em Cuba.
Em 1997, a Electronic Frontier premiou Hedy por sua invenção, que já estava com a patente expirada. Logo depois, no ano seguinte, a ideia foi 49% adquirida pela Ottawa Wirelles Tecnology. A empresa então utilizou o projeto como alicerce para o desenvolvimento de uma tecnologia de comunicação, como as conexões WiFi e CDMA.
Por este motivo, a inventora, compositora e atriz recebeu ainda o título de “mãe do telefone celular” por sua contribuição com o desenvolvimento da tecnologia de comunicação. Entretanto, nada de dinheiro… Hedy Lamarr viveu em Orlando até sua morte em 19 de janeiro de 2000, aos 86 anos.
Em 2015, quando ela faria 101 anos, o Google fez uma homenagem em formato de Doodle, apresentando uma mulher que conseguiu ser tudo o que quis, mesmo em um meio dominado por homens, Hedy provou que era muito mais do que um “rostinho bonito” no cinema.
Hedy Lamarr
Hedy Lamarr, nome artístico de Hedwig Eva Maria Kiesler (Viena, 9 de novembro de 1914 — Altamonte Springs, 19 de janeiro de 2000), foi uma atriz e inventora austríaca radicada nos Estados Unidos.. Em 28 anos de carreira, participou de mais de 30 filmes e fez uma importante contribuição tecnológica durante a Segunda Guerra Mundial, uma co-invenção, com o compositor George Antheil, um sistema de comunicações para as Forças Armadas dos Estados Unidos que serviu de base para a atual telefonia celular.[1][2] Em reconhecimento do valor de seu trabalho e da importância da tecnologia por ela inventada, seu nome foi postumamente inserido no National Inventors Hall of Fame em 2014. Nascida na capital da Áustria-Hungria, Viena, Hedy começou sua carreira de atriz em vários filmes alemães, austríacos e tchecos, inclusive o controverso filme Ecstasy (1933). Em 1937, ela fugiu de seu marido, o fabricante de armas austríaco, Friedrich Mandl, mudando-se para Paris e depois se refugiando em Londres. Lá ela conheceu Louis B. Mayer, diretor dos estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) e lhe ofereceu um contrato em Hollywood, onde ela logo foi promovida como sendo a “mulher mais bonita do mundo”.
Hedy se tornou uma estrela por sua atuação em Algiers (1938), seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos.[5] Trabalhou com grandes atores da época como Clark Gable, em Boom Town e Comrade X (ambos de 1940), e com Jimmy Stewart, em Come Live with Me (1941). Outros de seus filmes para a MGM foram Lady of the Tropics (1939), H.M. Pulham, Esq. (1941), Crossroads e White Cargo (ambos de 1942).
Emprestada aos estúdios da Warner Bros., ela estrelou em The Conspirators e para a RKO em Experiment Perilous (ambos de 1944). Cansada de sempre trabalhar nos mesmos papéis, Lamarr co-fundou um novo estúdio e estrelou nos filmes The Strange Woman (1946) e Dishonored Lady (1947). Seu grande sucesso foi no papel de Dalila no longa de Cecil B. DeMille, Sansão e Dalila (1949).
Seu último filme foi The Female Animal (1958). Hedy foi homenageada com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, em 1960.
A invenção
Lamarr inventou o sistema que serviu de base para os telefones celulares. Durante a Segunda Guerra Mundial, criou um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas que patenteou em 1940, usando o seu verdadeiro nome, Hedwig Eva Maria Kiesler.
A ideia surgiu ao lado do compositor George Antheil em frente a um piano. Eles brincavam de dueto, ela repetindo em outra escala as notas que ele tocava, experimentando o controle dos instrumentos, inclusive com a música para o Ballet Mecanique, originalmente escrita para o filme abstrato de Fernand Léger, em 1924. Ou seja, duas pessoas podem conversar entre si mudando frequentemente o canal de comunicação. Basta que façam isso simultaneamente.
Juntos, Antheil e Lamarr submeteram a ideia ao Departamento de Guerra norte-americano, que o recusou, em junho de 1941. Em agosto de 1942, foi patenteado por Antheil e “Hedy Kiesler Markey”. A versão inicial consistia na troca de 88 frequências e era feito para despistar radares, mas a ideia pareceu difícil de realizar na época.
O projeto não foi concretizado até 1962, quando o aparelho passou a ser utilizado por tropas militares dos EUA em Cuba, quando a patente já expirara; a empresa Sylvania adaptou a invenção. Ficou desconhecida, ainda, até 1997, quando a Electronic Frontier Foundation deu a Lamarr um prêmio por sua contribuição. Antheil morreu em 1959.
A ideia do aparelho de frequência de Lamarr e Antheil serviu de base para a moderna tecnologia de comunicação, tal como COFDM usada em conexões de Wi-Fi e CDMA, usada em telefones celulares. Patentes similares foram registradas por outros países, tais como a Alemanha, em 1935, em que os engenheiros da Telefunken Paul Kotowski e Kurt Dannehl registraram as patentes em 1939 e 1940.
Considerada a “mãe do telefone celular”, Lamarr fora casada com um fabricante de armas alemão, do qual se separou ao notar o envolvimento dele com o nazismo; foi nesta época que notara como era fácil a um terceiro bloquear o sinal contínuo usado para o controle dos mísseis. Apesar de ter patenteado a ideia de uma frequência que fosse variável no percurso entre emissor e receptor, não ganhou dinheiro com isto. Em 1997 recebeu do Governo dos Estados Unidos menção honrosa “por abrir novos caminhos nas fronteiras da eletrônica“. Recebeu o EFF Pioneer Award de 1997. Em 2014 foi introduzida no National Inventors Hall of Fame.
Últimos anos
Lamarr se tornou cidadã norte-americana aos 38 anos, em 10 de abril de 1953. Sua auto-biografia, chamada Ecstasy and Me, foi publicada em 1966. Em uma entrevista de 1969, no The Merv Griffin Show, ela disse que não escreveu ou participou da confecção deste livro e que a maior parte era fruto de ficção. Em 1966, ela processou a editora para parar a publicação, dizendo que muitos detalhes foram inventados pelo ghost writer, Leo Guild. Ela perdeu o processo.
No final da década de 1950, Lamarr e o marido, W. Howard Lee, abriram um resort de ski, chamado de Villa LaMarr, em Aspen, no Colorado. Depois do divórcio do casal, seu marido acabou ficando com o resort. The Female Animal (1958) foi seu último filme. Nos anos 1960, ela ainda tentou conseguir um papel no filme Picture Mommy Dead (1966) mas foi mal-sucedida. O papel acabou sendo atribuído a Zsa Zsa Gabor.
Em 1966, foi detida, sob a acusação de furto, numa loja de departamentos, em Los Angeles, mas as acusações acabaram sendo retiradas. Em 1991, foi novamente detida por furtar medicamentos no valor de pouco mais de 20 dólares, em uma loja da Flórida. Ela não contestou a acusação, para evitar ter de comparecer ao tribunal e, em troca da promessa de não infringir mais nenhuma lei por pelo menos um ano, as acusações foram mais uma vez retiradas.
Em seus últimos anos, a atriz viveu reclusa em sua casa, em Casselberry, região metropolitana de Orlando. Ela recusou vários roteiros, comerciais de televisão, peças de teatro, dizendo que nenhum deles lhe interessava. Em 1974, ela entrou com um processo contra a Warner Bros., no valor de 10 milhões de dólares, declarando que a paraódia de seu nome (“Hedley Lamarr”) por Mel Brooks, na comédia Blazing Saddles, era uma invasão de privacidade. O estúdio encerrou o caso com um acordo fora dos tribunais, enquanto Mel Brooks alegou que a atriz “nunca entendeu a piada”.
Com problemas de visão, Hedy Lamarr se retirou da vida pública e se estabeleceu em Miami Beach, na Flórida, em 1981.
Em 1996, uma grande imagem de Lamarr ganhou o concurso da CorelDRAW naquele ano para a capa da caixa do produto. Por muitos anos, a partir de 1997, todas as caixas do programa vinham com uma ilustração baseada em uma foto de Lamarr. Ela processou a empresa, alegando que eles usaram sua imagem sem autorização, mas a Corel alegou que Lamarr não tinha os direitos daquela foto. O processo terminou em um acordo em 1988.
O único lucro que Lamarr obteve com sua invenção foi em 1997, quando a companhia canadense WiLAN propôs um acordo com ela para adquirir 49% dos direitos de marketing de sua patente, enquanto ela continuava com 51%. Ela logo ficou muito amiga do presidente da companhia, Hatim Zaghloul.
Hedy e o filho, James Lamarr Loder, cortaram relações abruptamente, quando ele foi morar com outra família. Os dois não se falaram pelos próximos 50 anos e quando Lamarr morreu, James descobriu que ficou fora do testamento da atriz. Ele então entrou na justiça pelo controle dos 3,3 milhões de dólares da atriz em 2000. Ele acabou ficando com 50 mil dólares da fortuna.
Em seus últimos anos, Lamarr entrava em contato com o mundo apenas pelo telefone, mesmo com seus filhos, netos e amigos mais próximos. Ela costumava ficar pendurada no telefone por seis a sete horas todos os dias, mas praticamente não aceitava visitas, nem encontrava outras pessoas.
Morte
Hedy Lamarr morreu em Casselberry, na Flórida, em 19 de janeiro de 2000, aos 85 anos. O atestado de óbito cita, como causas da sua morte, insuficiência cardíaca, doença crônica da válvula cardíaca e doença cardíaca arteriosclerótica. Conforme era seu desejo, seu filho, Anthony Loder, levou suas cinzas para a Áustria e espalhou-as nos Bosques de Viena. Em 2014, um túmulo simbólico foi construído no Cemitério Central de Viena.
Legado
Por sua contribuição para o cinema, Hedy Lamarr tem uma estrela na Calçada da Fama, no 6 247 Hollywood Blvd. Ela também foi inspiração para Walt Disney desenhar a Branca de Neve, “a mais bela”, seu primeiro desenho animado de longa metragem em 1937.
O sistema de comunicações que Lamarr criou para as Forças Armadas dos Estados Unidos atualmente acelera as comunicações de satélite ao redor do mundo e foi usado para criar a telefonia celular. No jogo de computador Half-Life 2, o Dr. Isaac Kleiner possui um headcrab de estimação chamado Lamarr, em homenagem à atriz. Em 1998, uma ilustração da face de Lamarr foi usada pela Corel Corporation, em sua publicidade do CorelDRAW 8 software, sem autorização. O caso foi resolvido em 1999. Em 2005, o dia do seu nascimento, 9 de novembro, foi instituído na Alemanha como o Dia do inventor, em sua honra.